quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Plutão: 80 anos da descoberta

Em 18 de fevereiro de 1930, astrônomo norte-americano Clyde Tombaugh, falecido em 1997, analisava imagens do céu produzidas pelo Observatório Lowell (Arizona, EUA). Ao ver fotos feitas em duas noites de janeiro daquele ano, ele identificou um corpo se movendo de modo diferente ao das estrelas ao fundo: Plutão. A descoberta foi anunciada em 13 de março de 1930, dia do nascimento de Percival Lowell, astrônomo que também fez buscas por um novo planeta no Sistema Solar, mas não viveu o suficiente para fazer a descoberta.

A descoberta completa 8 décadas sem que os cientistas tenham descoberto exatamente o que ele é. Até hoje, eles não têm muita certeza a respeito do que Plutão é formado e quais são suas origens. O astro também tem uma órbita esquisita na comparação com os demais, em um ângulo diferente em relação ao Sol.

Concepção artística de Plutão (Foto: Eduardo Oliveira e Solar System Simulator/JPL/NASA / reprodução)

A classificação de Plutão foi muito debatida por muitos anos, mas o desenvolvimento de telescópios mais potentes permitiu a descoberta de corpos celestes parecidos com Plutão – com isso, ou os astrônomos reconheciam a existência de outros planetas ou rebaixavam o nono do Sistema Solar. No fim de agosto de 2006, União Astronômica Internacional (IAU) optou pela segunda opção.

Nesse período, astrônomos reuniram em Praga, capital da República Tcheca, para debater a questão de Plutão. No dia 24, ele foi excluído da lista de planetas quando 424 astrônomos chegaram a um acordo sobre a definição de planeta.

Eris, maior do que Plutão, fica junto com ele cinturão de Kuiper, uma zona além de Netuno que abriga milhares de corpos celestes e é berço de alguns cometas. Inicialmente chamado de 2003 UB313, Eris foi descoberto em janeiro de 2005 e apelidado de Xena por causa da série de TV. O astro acalorou o debate, pois se ele era 5% maior que Plutão, os dois deveriam ser planetas, ou nenhum deles.

A IAU, fonte oficial dos nomes celestes, tinha suspendido a classificação de "Xena" até que surgisse uma definição científica para planeta. Depois de um acirrado debate, os astrônomos decidiram que nem "Xena" nem Plutão definiriam essa questão.

Eles inventaram uma nova classe para objetos que fossem grandes o suficiente para que sua gravidade lhes dê a forma esférica, porém pequenos o bastante para que sua gravidade não consiga remover os vizinhos em órbitas próximas. São os planetas anões. Essa classe inclui Plutão, "Xena" e Ceres (o maior asteróide já descoberto, detendo 25% da massa do cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter, onde sua órbita está localizada).

Os astrônomos também concordaram que Plutão fosse o protótipo de uma nova classe de objetos trans-netunianos, à qual Eris também pertence.

Uma das campanhas contra a definição da IAU (Foto: arquivo)

As reações a essa decisão variaram desde suspiros de alívio até a frase de pára-choque "Buzine se Plutão ainda é um planeta". Alan Stern, que lidera a missão New Horizons, da NASA, rejeita a solução da IAU por considerá-la inviável, não didática, cientificamente falha e embaraçosa.

Deixando de lado os detalhes menos importantes, a decisão da UAI toma necessariamente a supremacia gravitacional. Um aspecto importante para que um planeta seja planeta, segundo Michael Brown, do Caltech, um dos descobridores de Xena. Assim, Plutão cai para a "série B".

Plutão e "Xena" logo receberam números oficiais no catálogo de planetóides da UAI – 134340 e 136199, respectivamente. Em 13 de setembro, a UAI deu a "Xena" o nome oficial Eris, deusa grega da discórdia e rivalidade. Brown disse que o nome da mitológica deusa arruaceira foi "perfeito demais para ser rejeitado". A lua de Éris é Dysnomia, filha de Éris e essência da ilegalidade (lawlesslless, em inglês) - uma referência que ainda preserva a ligação com “Xena, a Princesa Guerreira” estrelada por Lucy Lawless.

Fotos mais recentes de Plutão, feitas pelo Telescópio Espacial Hubble (Foto: NASA/ESA/M. Buie, Southwest Research Institute)

Apesar de ter perdido status, Plutão ainda é interessante do ponto de vista científico. A sonda New Horizons, deve chegar ao local em 2015 para fazer imagens mais próximas. No começo deste mês a agência divulgou um estudo que revela detalhes das mudanças que aconteceram em Plutão nos últimos anos: o "ex-planeta" está mais avermelhado, com mais brilho em seu hemisfério Norte e com o Sul mais escuro.

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