quinta-feira, 4 de março de 2010

Inocente

O principal suspeito de ter sido o asteroide que extinguiu os dinosauros foi inocentado. A defesa foi apresentada por dois astrônomos no Rio.

Eles contestam um trabalho de uma equipe internacional de 2007. Segundo essa pesquisa, um asteroide gigante se chocou com outro em algum lugar entre as órbitas de Marte e Júpiter há cerca de 160 milhões de anos. O choque deixou lascas – a família Baptistina de asteroides. Umas dessas lascas teria vagado por aí por 95 milhões de anos até atingir a Terra.

Porém, a nova pesquisa demonstra que "não tem nenhuma chance de ter sido ele", diz Jorge Carvano, astrônomo do Observatório Nacional (ON).

Ele e Daniela Lazzaro, também do ON, observaram o 298 Baptistina, do qual as lascas foram arrancadas. Medindo seu albedo (porção de luz refletida), descobriram mais sobre suas características e as compararam com as do criminoso – que deixou a enorme cratera de Chicxulub (México) como evidência.

"Existem materiais que refletem menos luz, como carvão, e mais, como gelo. O albedo não permite que se diga exatamente qual a composição do asteroide, mas dá para afirmar que ela não bate com a do objeto que se chocou com a Terra", afirma Carvano.

O asteroide que caiu no México refletia pouca luz. O 298 Baptistina, muita. Os resultados serão publicados na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

"O grupo do estudo de 2007 não faz observação. É um grupo que faz pesquisa teórica [modelos matemáticos], eles levantaram hipóteses bastante forçadas", diz Carvano.

Além disso, numa escala de milhões de anos, o albedo influencia o movimento do objeto, em função da força criadas pelo reflexo da luz solar. "[O grupo de 2007] não sabia qual era o albedo e assumiu um valor errado."

Assim, a origem do objeto que acertou a Terra volta a ser uma dúvida. "Pode até ter sido um cometa", diz Carvano.

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